Dia 22 de dezembro! Estamos no primeiro 
dia depois do “fim do mundo”. O dia previsto como catastrófico já faz 
parte da coleção de datas tidas como certas para o fim o mundo. E não 
duvidem! Outras datas irão surgir! Os Maias falavam do início de uma 
nova era e para que um novo tempo seja realidade não precisamos destruir
 aquilo que existe de belo e bom na humanidade, ao contrário, o amor, a 
fé e a fraternidade são os alicerces de um novo mundo.
Os calendários apocalípticos não são o 
calendário de Deus. Se os Maias falavam de uma nova era inaugurada no 
último dia 21, recordamos que esta data coincide com o solstício de 
verão do hemisfério sul, momento este em que os raios de sol permanecem 
por mais tempo no horizonte. Assim, o “fim do mundo” é, por natureza, o 
dia onde os raios de sol permanecem por mais tempo. Mas este dia só será
 de claridade se for capaz de iluminar os nossos corações com a certeza 
de que somos nós os sujeitos da construção de um mundo novo.
Neste sentido, os maias estavam certos! É
 preciso inaugurar uma nova era onde o amor não seja um simples 
sentimento e sim gesto concreto. Amor que cuida, zela e se interessa 
pelo bem do próximo. É preciso construir um novo mundo a partir do nosso
 compromisso em nos tornamos a cada dia seres humanos melhores, porque é
 a partir de nossas ações é que o mundo se torna melhor!
Em cada um de nós existe um “mundo”, um 
universo a ser descoberto e profundamente interligado com o próximo, com
 a natureza e com Deus. Mas o amor que recebemos das pessoas que amamos e
 fazem parte do nosso mundo é o combustível necessário para 
reconstruirmos a esperança.
Conta a história que em um reino 
distante, dois irmãos gêmeos foram convocados a suceder seu pai que 
resolveu se aposentar e desejava fazer uma longa viagem pelos recantos 
de seu reino. Um só deveria ocupar o seu lugar. O sábio rei, deveria 
escolher qual dos dois seria seu sucessor, por isso, lançou-lhes um 
desafio: quem conseguisse dar uma volta ao mundo e retornar primeiro, 
seria o seu sucessor. Ambos ficaram sem saber o que fazer. Como dar a 
volta ao mundo? E por que tal ação  seria importante para constituir um 
rei? Estas, entre outras, eram as indagações dos jovens irmãos. Mesmo 
com dúvidas, começaram a se preparar.
De malas prontas, os irmãos foram 
despedir de seus pais. O velho rei sentado em seu trono pediu que fossem
 chamar a rainha. Ao chegar, doce e terna como sempre, ela colocou-se ao
 lado do rei, pegou-lhe a sua mão, deu-lhe um beijo e permaneceram de 
mãos unidas. Este não era um costume ou tradição, era um gesto 
espontâneo, fruto do amor que ambos nutriam um pelo outro. E foi ao 
contemplar este gesto que um dos filhos sentiu que seus olhos brilhavam.
 E num ímpeto de felicidade levantou seus pais do trono, pegou seu irmão
 pela mão, e deu uma volta ao redor daquele lindo casal. E foi assim que
 ele descobriu que não era preciso dar a volta ao mundo se temos ao 
nosso lado um verdadeiro universo de amor e bem querer. A partir de 
então o reino da felicidade nunca mais foi governado por um só monarca. 
Ah! … o nome dos jovens reis é fácil de guardar: Alegria e Simplicidade.
 Quando a alegria e a simplicidade abraçam o reino da felicidade, não há
 nada que possa destruí-lo.
Que na aurora deste mundo novo, 
inaugurado em nossos corações, possamos fazer a opção por viver de forma
 simples colhendo pequenas alegrias que se transformam em grandes 
milagres. Abraçar a nossa família, nos alegrar com os amigos, levar a 
vida com mais leveza, cultivar uma boa conversa, ler um bom livro, fazer
 uma viagem, ver o pôr-do-sol, encantar-se com o sorriso e a 
simplicidade das crianças, contemplar o brilho das estrelas … encontrar 
na imensidão do céu a sua estrela que ainda está a brilhar!
Enfim, o mundo não acabou mas pode ser 
diferente agora! Depende de nós e da forma com que contemplamos a vida. 
Como bem nos disse nossa amiga Márcia Dias em seu artigo “Desejo-te boa 
viagem” , no despontar deste “novo mundo” desejo que você desfrute a 
bela paisagem da vida, contemple o colorido dos flamboyans e lembre-se 
que somos passageiros. Que não sejamos passageiros desatentos! Que nossa
 atenção esteja voltada para as coisas que dão sentido a nossa vida e a 
vida de quem amamos. A vida é esta grande viagem de trem, a cada estação
 renovamos nossas forças até o dia do desembarque. Ele também será, pela
 fé, um novo começo.
 “E agora José …”, como aproveitar o 
“início do mundo”? Amanhecer sorrindo pra vida já é um bom começo. Que 
Deus nos inspire e nos ajude a construir um mundo novo abraçando toda a 
beleza da criação. E assim, como não desejar a você um “Feliz mundo 
novo!”
Pe. Patriky Samuel Batista
 
 
